Circuit breaker: o que é e como funciona na bolsa brasileira

Por Redação Onze

Circuit breakers

O circuit breaker é um mecanismo utilizado por bolsas de valores ao redor do mundo para proteger o mercado de ações contra quedas expressivas. 

Ele costuma ser acionado quando algum evento traz irracionalidade ao mercado, e os ativos entram em queda livre. Quando isso acontece, as negociações são suspensas por alguns minutos, para que a volatilidade seja reduzida.

Mas você sabe como funciona o circuit breaker na Bolsa de Valores brasileira, a B3?

Neste artigo, você vai entender as regras do circuit breaker na B3 e também vai compreender por que esse mecanismo protege os seus investimentos contra eventos que podem levar pânico à Bolsa de Valores.

O que é circuit breaker

O circuit breaker é um mecanismo de proteção utilizado por bolsas de valores ao redor do mundo para interromper todas as negociações de compra e venda de ações por um período determinado, caso haja uma queda expressiva no preço dos ativos.

O circuit breaker tem gatilhos de queda, que podem variar de uma bolsa para outra. A lógica é simples: se o principal índice do mercado apresentar uma queda expressiva (de 10%, por exemplo), as negociações são paralisadas por alguns minutos (o tempo também varia entre cada bolsa).

Esse tempo sem negociações permite que os investidores acalmem os ânimos, organizem seus investimentos e entendam o que está acontecendo de fato com os ativos.

A lógica é garantir alguns minutos de calmaria, para que um acontecimento que levou pânico ao mercado possa ser melhor digerido pelos investidores.

Assim, as bolsas evitam que os preços dos ativos sejam derretidos de forma irracional, em um momento de pânico e desespero do mercado de ações. 

Como funciona o circuit breaker na bolsa brasileira

As regras de funcionamento do circuit breaker na Bolsa de Valores brasileira, a B3, são fáceis de entender: todas estão atreladas à queda do índice Ibovespa, o principal indicador do mercado de ações brasileiro.

Em um mesmo dia, o circuit breaker pode ser acionado até três vezes. Acompanhe:

1º Circuit breaker – queda de 10% do Ibovespa

O primeiro circuit breaker é acionado quando o índice Ibovespa bate 10% de desvalorização no dia.

Se, por exemplo, a bolsa abre as negociações com o Ibovespa a 100 mil pontos, e ele chega a 90 mil pontos, o primeiro circuit breaker é acionado.

Nesse momento, todas as negociações de compra e venda ficam suspensas por 30 minutos.

2º Circuit breaker – queda de 15% do Ibovespa

Passados os 30 minutos de suspensão, a bolsa reabre, e as negociações recomeçam.

A expectativa é de que os ânimos dos investidores estejam arrefecidos, e a racionalidade tenha retornado. Se, no entanto, os ativos continuarem em queda expressiva, o segundo circuit breaker é acionado, quando o Ibovespa bater -15%.

No nosso exemplo anterior, a bolsa, que abriu a 100 mil pontos, teria que chegar a 85 mil pontos.

Nesse ponto, a pausa nas negociações é de uma hora.

3º Circuit breaker – queda de 20% do Ibovespa

Passada mais essa hora, a bolsa reabre novamente.

Se o mercado continuar com tendência de queda, e o Ibovespa bater 20% de desvalorização no dia (a 80 mil pontos, no nosso exemplo), o terceiro e último circuit breaker é acionado.

Nesse caso, as negociações são suspensas até que a B3 defina um novo prazo para reabertura do mercado, que costuma ser apenas no dia seguinte. 

Isso significa dizer, portanto, que é impossível o índice Ibovespa cair mais de 20% no mesmo dia, sem que as negociações sejam interrompidas de forma definitiva.

Circuit breakers em 2020

A pandemia mundial do Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus, levou a Bolsa de Valores brasileira a registrar seis circuit breakers ao longo de apenas oito pregões em 2020.

O primeiro ocorreu no dia 9 de março, e teve como pano de fundo, além da aversão ao risco provocada pela pandemia, a guerra no preço do petróleo.

Foi o primeiro circuit breaker desde o “Joesley Day”, em 2017, quando foi divulgada a gravação de uma conversa entre o empresário Joesley Batista e o então presidente Michel Temer.

Depois do circuit breaker no dia 9 de março, o pânico dos investidores continuou acompanhando o cenário internacional nos dias seguintes, com incerteza sobre os rumos da economia diante da epidemia e das restrições de circulação da população em diversos países.

Confira os cinco dias em que a bolsa registrou seis circuit breakers em 2020, em um intervalo de apenas oito pregões:

Fechamento do índice Ibovespa nos dias de circuit breakers:

  • 09/3 | -12,17%
  • 11/3 | – 7,64%
  • 12/3 | -13,91% (dois circuit breakers)
  • 16/3 | – 13,92
  • 18/3 | – 10,35%

Além da crise provocada pelo coronavírus, em 2020, a Bolsa já registrou circuit breakers em outros seis eventos: a crise asiática, em 1997, a crise russa, em 1998, o câmbio flutuante, em 1999, a crise do subprime nos Estados Unidos, em 2008, e o vazamento de diálogos no Joesley Day, em 2017.

E aí, você acha que esse sistema está cumprindo o seu propósito? É válido defender a manutenção dessa proteção? Deixe um comentário.