É possível ficar rico sem ganância?

Por Redação Onze

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É comum que muita gente confunda o conceito de ganância e ambição, já que as duas palavras trazem ideias parecidas sobre o desejo de ter posses, de conquistar e enriquecer. Porém, veremos neste artigo que, embora próximos, os termos diferem em relação à forma como esse desejo se manifesta e afeta a sua capacidade de ficar rico.

Com os conceitos mais bem definidos, é possível refletir e responder melhor a clássica e importante pergunta que surge sempre que falamos de investimentos: é possível ser rico sem ser ganancioso? E de que maneira ganância e ambição podem se equilibrar para te levar em direção à riqueza?

Veremos a seguir.

Ganância x Ambição

Quando surge a dúvida sobre o significado de uma ou mais palavras, nada melhor que utilizar um dicionário para consultar e diferenciar os dois termos, não é mesmo? Neste caso, entretanto, nem o glossário diferencia muito as definições de ganância e ambição.  O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa diz o seguinte:

  • Ambição: forte desejo de obter riquezas ou poder, glórias ou honras; anseio constante de alcançar determinado sucesso ou objetivo, pretensão, aspiração; cupidez; cobiça.
  • Ganância: desejo exacerbado de ter ou de receber mais do que os outros; ânsia por ganhos exorbitantes; cupidez, cobiça, avidez.

Pelas definições acima, podemos interpretar que ambas as palavras referem-se à vontade de ganhar, mas a diferença sutil aparece quando o Dicionário atribui à ganância o desejo de ter mais que os outros, a qualquer custo, com tendência ao exagero. Ou seja, ainda que à primeira vista as palavras pareçam sinônimos, a ganância tem conotação negativa, enquanto a ambição está relacionada apenas à vontade de vencer.

Se pensarmos em exemplos práticos, essa diferença fica ainda mais clara: um aluno de escola pública que abre mão das atividades de descanso e lazer e dedica todo seu tempo aos estudos com o objetivo de passar nos melhores vestibulares; um profissional que faz horas extras e abdica de momentos com sua família para cumprir metas; ou um investidor que, depois de estudar estratégias, resolve diversificar sua carteira e investir em ações. Todos são exemplos de pessoas ambiciosas que tomaram decisões conscientes, responsáveis e estratégicas em prol da sua realização pessoal, profissional ou financeira, sem prejudicar ninguém pelo caminho.

Em contraponto, um estudante que frauda o vestibular para conseguir uma vaga concorrida ou um profissional que manipula pessoas e dados para ascender na carreira, são casos típicos de pessoas gananciosas, que se arriscam ao máximo e irracionalmente apenas movidas pela vontade de possuir algo.

Uma pergunta pertinente: no mercado financeiro, é melhor que o investidor tenha somente ambição, e não ganância? Na verdade, nem um, nem outro, mas um equilíbrio entre ambos.  Entenda o porquê.

Ficar rico sem ganância é possível?

Deixando de lado as questões morais, podemos dizer que a distância entre a ambição e a ganância é quanto (ou o que) uma pessoa resolve arriscar para conseguir o que deseja. Assim, um sujeito ambicioso que aumenta seu nível de tolerância ao risco, começando a apostar cada vez mais, passaria do conceito de ambição para o de ganância.

Sabemos que o risco é inerente ao mercado de investimentos. Portanto, se você quer ficar rico investindo, precisará correr alguns riscos inevitáveis. E é aí que entra a necessidade de ter alguma ganância – ainda que moderada, para não prejudicar seus investimentos. Fique bem atento a isso.

A psicologia explica o porquê desta pitada de ganância ser necessária. O economista comportamental Daniel Kahneman analisou a ação de pessoas em situações em que a tomada de decisões envolvia riscos. Ele chegou à conclusão de o medo que as pessoas tem de perder é maior do que a vontade de ganhar – em um experimento, a maior parte das pessoas preferia não perder R$ 100 a ter um desconto de R$ 100. Ou seja, o medo venceria a ambição.

Então, para decidir correr riscos, é preciso ter mais que ambição, mas um pouco de ganância – aquela que anseia o ganho a qualquer custo. Mas qual seria o equilíbrio perfeito entre os dois?

Seria o famoso risco calculado. A fórmula do investidor de sucesso investe, antes de tudo, na sua educação financeira, e assim consegue ter racionalidade para planejar suas aplicações, mas também ousadia para arriscar. O desafio, então, é que o investidor nunca perca sua ambição – a vontade de ganhar -, mas a administre o tempo todo. A medida certa é aquela em que o medo de arriscar não paralise, mas também não o transforme totalmente em alguém puramente ganancioso.

Como essa linha é muito tênue, faça uma autoavaliação sempre que possível. Pergunte a você mesmo se na hora de escolher investimentos você tem considerado apenas a rentabilidade dos investimentos (e despreza impostos e taxas), ou se está disposto a entrar em negócios duvidosos, apenas visando um retorno alto e rápido, por exemplo. São perguntas que devem ser feitas periodicamente, a fim de evitar que você cruze a linha da ganância e acabe comprometendo todo o seu patrimônio.

Em resumo, ser ambicioso não é sinônimo de ser ganancioso, mas devemos lembrar que a ganância não é necessariamente ruim. Pelo contrário, um investidor que conhece a diferença entre os dois termos e consegue se equilibrar entre ambos é, este sim, sinônimo de profissionalismo, sucesso e prosperidade.

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