Para se reinventar: retenção de talentos é nova aposta do mercado

Por Redação Onze

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Em um mercado de trabalho tão competitivo e sistematizado, as empresas estão constantemente em busca de formas para melhorar e se destacar em relação aos concorrentes. Enquanto muitas focam em inovações e seguem os exemplos de outros grandes líderes de cada área, outras fizeram a decisão acertada de focar em um elemento essencial: as pessoas que compõem a empresa.

Mais do que valorizar os trabalhadores, é preciso trabalhar a retenção de talentos, grande tendência da área de recursos humanos. O termo é usado para descrever uma sequência de estratégias que buscam criar um bom ambiente de trabalho e manter os tais talentos na empresa pelo maior tempo possível. Afinal, com afinidade entre pessoa e empresa, é possível desenvolver entrosamento e maior produtividade.

Por que reter talentos?

Segundo a pesquisa Índice de Confiança – Sondagem de Profissionais Qualificados, feita pela consultoria de recursos humanos Robert Half, o maior desafio no recrutamento do mercado atual é encontrar pessoas competentes, segundo 80% das respostas. Logo em seguida, 67% dos entrevistados citam localizar um trabalhador que se encaixe ao clima e à cultura da empresa como outro empecilho no processos.

Prova dessas problemas é o grande turnover experienciado no campo trabalhista no Brasil. Ainda de acordo com a Robert Half, o país tem um índice de rotatividade que ultrapassa os 80%. Enquanto isso, a média mundial de saída profissional é cerca de 38%. No estudo, as respostas  que melhor justificam esse índice são falta de reconhecimento, pouca motivação e sentimento de incerteza em relação ao futuro.

Além de manter um bom clima na empresa, motivar os colegas e entregar resultados, os talentos também são aliados das finanças da companhia. Afinal, um trabalhador satisfeito não deixará a equipe, o que reduz os custos de uma demissão e poupa tempo e recursos para captar novos funcionários, que precisarão de treinamento para se ajustarem ao local de trabalho.

Como identificar os talentos da empresa

Seja na entrevista de emprego ou com quem já atua no local há um tempo, a equipe de Recursos Humanos precisa da ajuda dos chefes para identificar quem são os talentos que devem ser mantidos. Quais características eles devem ter? Não existe uma única resposta para essa pergunta, pois cada empresa possui um perfil e objetivos distintos. A partir disso, é possível traçar estratégias de retenção de talentos.

Porém, de forma geral, é fácil identificar quem são os funcionários de destaque. Um talento é aquele que compra a ideia da empresa, é dedicado, possui afinidade natural com as missões do local, entrega bons resultados e é capaz de atingir positivamente os colegas como, por exemplo, animando o clima, mostrando determinação e os motivando para ir além.

É perceptível o  porquê de uma das maiores preocupações das empresas, atualmente,  ser a retenção de colaboradores. Mas se engana quem acredita que um salário avantajado é o suficiente para manter os empregados contentes. Especialmente nas novas gerações, outras questões tomam à frente na hora de decidir aceitar ou negar uma oferta de trabalho.

Para reter talentos, a companhia precisa ter algumas características básicas, como:

  1. Bom clima organizacional
  2. Plano de carreira
  3. Salário compatível com o mercado
  4. Benefícios, previstos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ou a mais
  5. Possibilidade de crescimento dentro da empresa
  6. Equipe de Recursos Humanos competente
  7. Novos desafios para os colaboradores

Vale ressaltar que esses são alguns dos pontos mais simples e que os talentos costumam procurar fatores diferentes dependendo, principalmente, da geração da qual eles fazem parte. Os mais jovens, segundo a empresa de recrutamento Talenses, procuram o mesmo que a maioria dos outros funcionários: salário bom, perspectiva de crescimento e bom clima na empresa.

A maior diferença foi notada quando os talentos mais novos foram perguntados o que os faria ficar em um trabalho. Para eles, o mais importante é a flexibilização dos horários dentro da companhia, o que não é prioridade para nenhuma outra geração que fez parte do estudo.

Já uma pesquisa da Randstad, empresa holandesa especializada em soluções de trabalho flexível, mergulhou a fundo no que cada grupo etário procura no mercado de trabalho, começando pela geração Z, que engloba quem tem entre 18 e 24 anos. Os mais novos das empresas buscam boas oportunidades de treinamento. Para eles, o primeiro emprego é uma chance de continuar aprendendo e ingressar na área escolhida para o trabalho.

Já para os millenials, quem tem em torno de 30 anos, o grande atrativo é um empregador reconhecido pelo mercado. Para os acima de 40 anos, a prioridade é ter um regime de trabalho flexível. Os funcionários com mais de 50 anos procuram, especialmente, por boas oportunidades de carreira.

Portanto, as empresas devem também levar em conta as especificidades, sonhos e necessidades de cada funcionário para trabalhar na retenção de talentos.

Quais medidas podem ser tomadas para reter talentos?

Uma pesquisa de 2019 feita pela Malvern Gazette em parceria com a Herefordshire & Worcestershire Chamber of Commerce com mais de 350 empresas constatou que 63% das companhias britânicas analisadas estão dispostas a flexibilizar o trabalho para reter os talentos.

Além de ofertar home office e horas menos rígidas, as empresas que responderam ao estudo acharam outro ponto chave para preservar o quadro de funcionários: garantir benefícios para os trabalhadores.

No primeiro trimestre de 2019, esse setor de bem-estar cresceu mais de 9%, segundo pesquisa feita pela Associação Brasileira de Franchising. Por isso, um bom plano de ação é trazer esse universo para a empresa.

Mais uma vez, é preciso ter criatividade e adaptar as tendências ao perfil de cada companhia. Algumas empresas, por exemplo, oferecem cupons de massagem, dias de acupuntura, atividades ao ar livre e registra como hora trabalhada quem se ausenta para participar de uma sessão de terapia semanal como medidas de retenção de talentos.

Em tempos de instabilidade política e econômica, uma grande vantagem empresarial é contar também com orientações financeiras, especialmente as que tangem aposentadoria. Afinal, é comprovado por meio de pesquisas diversas que estresse com a economia pessoal é um grande fator de desgaste da saúde, tanto física quanto mental, de empregados.

 Por que evitar o estresse financeiro entre os seus talentos?

Esse quadro de estresse atinge de forma certeira a produtividade dos colaboradores, o que pode resultar em demissão, queda de qualidade nos produtos da empresa, menor moral entre os colaboradores e piora no clima da companhia.

Em pesquisa, o escritor e psicólogo Robert Epstein reuniu 3 mil voluntários de 30 países diferentes para saber o que mais ajudaria a lidar com o estresse. Ele descobriu que a técnica mais eficaz para combater esse mal-estar é planejar. Dessa forma, os participantes se sentiram mais no controle e com as ferramentas necessárias para encarar adversidades.

O papel do RH

Além dos benefícios, é preciso que a equipe de Recursos Humanos acompanhe de perto se as garantias dos trabalhadores estão sendo cumpridas. Já aos chefes e/ou supervisores, cabe a missão de alinhar as expectativas com cada talento para saber o que eles buscam na empresa e quais as projeções que desejam ter na carreira.

Como já discutido antes, o clima organizacional é de suma importância para os talentos e, como mostrado pela pesquisa Índice de Confiança – Sondagem de Profissionais Qualificados, da Robert Half, uma dificuldade das empresas é justamente manter um bom ambiente. Portanto, é necessário fazer avaliações anônimas e periódicas a fim de descobrir o que deve ser aprimorado dentro de uma companhia.

A vitória é para todos

Ainda na pesquisa encomendada em 2019 pelo jornal Malvern Gazette, em parceria com a Herefordshire & Worcestershire Chamber of Commerce, instituição pública britânica voltado para o comércio, uma das maiores conclusões é que preservar o talento na empresa é uma vitória para todos.

Com boa gestão de Recursos Humanos, benefícios, salário compatível ao mercado de trabalho e alguns extras para gerar um ambiente agradável, o estudo reportou que os empregados conseguiram:

  1. Manter uma vida de trabalho e pessoal balanceadas
  2. Melhorar a sensação de bem-estar quando estavam no escritório
  3. Bolar um plano para ter maior segurança financeira

Os benefícios, como dito antes, foram para todos. E, com os trabalhadores satisfeitos, os empregadores puderam:

  1. Reter os talentos dentro da empresa
  2. Atrair novos membros talentosos para a equipe
  3. Formar laços e colaboradores resilientes
  4. Aumentar a moral de todos os funcionários, independente do cargo
  5. Promover uma cultura laboral positiva e otimista

E você, como está trabalhando na retenção de colaboradores?

As medidas para reter talentos tem como objetivo lembrá-los de que eles são sim valorizados e o trabalho feito por eles é desejável no local. Mesmo que eles recebam uma oferta de salário maior em outra empresa, talvez eles sejam convencidos a permanecer por conta desses fatores que vão além do dinheiro.